O bioma Parque

Em Curitiba: Pajero carregada para o início da jornada

Foto: Marina Mercante

Nosso tempo está muito mais corrido do que imaginávamos e as condições para encontrar internet por aqui também não estão muito favoraveis. Vamos atualizando cronologicamente aos poucos, ok?

Dia 1 (26/12)

Curitiba - Puerto Iguazu (660 km)

Como bons aventureiros, na noite anterior jantamos logo uma comida mexicana, para dar mais tensão e emoção à viagem. Saímos de Curitiba às 7h30, com o carro abarrotado de malas – aliás, é importante prestar atenção na quantidade de coisas para levar. Considerando que temos quatro mulheres na Pajero, tudo bem!

Entre Curitiba e Foz do Iguaçu, conhecemos os 660km mais longos de nossas vidas. A estrada é muito sinuosa e estava movimentada, naquele dia pós-Natal. Por sorte, quase 100% dela é mão dupla. Pelo menos passamos muitas horas rindo de várias histórias, entre elas a do piloto com síndrome de Papai Noel do voo que a Laila pegou para chegar à capital paranaense (para ilustrar, uma pérola do cara: Ho ho ho, feliz Natal, este é o voo da WebJet. No Pólo Norte faz muito frio...).

Descendo as escadas para começar o rafting
Foto: André Pansonato

Nas Cataratas
Com o rafting já reservado, chegamos ao Parque Nacional de Iguaçu “britanicopontualmente” às 16h. Só nao contávamos com a fila gigante para entrar. Sem falar no calor, que pegou! A falta de informações de alguns funcionários do parque é admirável. Fizeram a gente descer no lugar errado, o que atrasou ainda mais o passeio.

No bote, descendo o Rio Iguaçu:
- “moço (para o guia), que bioma é este?”
- “é Parque”.

Foi assim que descobrimos um novo bioma no Brasil. O bioma Parque. Nossa viagem também é cultura!

Quanto ao passeio, nenhum friozinho na barriga. Emoção mesmo veio ao descer as escadarias que dão acesso ao rio. São escadas em caracol e um pouco bambas. Sobre o esporte radical, o guia alegou que o rio estava cheio e por isso fizemos apenas “um passeio”. Ficamos somente boiando, curtindo o “bioma parque” e nos refrescando do calor. Aqui, fica a dica. As Cataratas do Iguaçu não nos pareceu um lugar apropriado para esportes radicais. Talvez o rapel seja mais emocionante, mas como eles não são conhecidos neste ramo, imaginamos que é melhor deixar a aventura para outras cidades.

Ao final do rafting, correria novamente. Um passeio do lado argentino, com as Cataratas sob a lua cheia, estava marcado para as 20h30.

A resistência mostra as suas caras...

Hola!

Enfim, conseguimos uma internet. Os primeiros dias de viagem têm sido corridos. Muitos quilômetros a ser percorridos. Depois de passarmos por Foz do Iguaçu (PR) e Puerto Iguazu (Argentina), estamos em Resistencia, capital da província de Chaco.

O norte da Argentina, como já imaginávamos, é muito quente. Calor cuiabano (ou amazonense, é o que dizem). Ainda vamos postar as informações dos dois primeiros dias, que, de fato, foram um teste de resistência. Já há muito o que contar, mas o cansaço é imenso e pretendemos seguir viagem até Salta.

Hoje é o trecho mais longo da viagem - segundo nossas contas, quase mil km. Então, é café da manhã e estrada pela frente.

Hasta luego!

A documentação

Para fazer esta viagem, tivemos de buscar muitas informações sobre o que levar, o que fazer, como agir. Descobrimos que, apesar de todos os acordos entre Brasil e Argentina, a frescura ainda é grande! Mas nada que assuste...

Documentos necessários:
- Carteira de motorista brasileira e Permissão Internacional para Dirigir (PID). Esta última é uma exigência apenas do Chile. Para consegui-la, é preciso ir ao Detran da sua cidade com RG, CPF, comprovante de endereço e uma bagatela de aproximadamente R$ 200 (depende do estado brasileiro). Em geral, ela fica pronta em quatro dias úteis.
- RG ORIGINAL com menos de 10 anos que foi expedido. Apesar de não ser obrigatório, o passaporte também pode ajudar nessa parte de identificação.
- Se o carro for financiado, é preciso levar uma autorização autenticada em cartório da financiadora. Essa autorização precisa ainda ser carimbada pelo Consulado ou Embaixada do Chile e, no caso da Argentina, pela Divisão de Assistência Consular do Ministério das Relações Exteriores.
- Carta Verde: é o seguro internacional. Para obtê-lo, falamos com as respectivas seguradoras aqui no Brasil. No caso da TR4, fizemos com o Banco do Brasil, custou R$ 182 e demorou quase um mês. Já para a S10, o Bradesco cobrou R$ 390 (!) e foi mais ágil: 1 semana.

Além da documentação, ouvimos dizer que o negócio com os guardas de trânsito lá é feio, então vale tomar todos os cuidados possíveis com o carro para evitar multas. Assim, no porta-malas de cada carro estarão dois triângulos e um cabo de aço de 3,5 metros e 8 mm - exigência da Argentina.

O projeto

Uma ideia: viajar de carro para algum país vizinho.

Uma sugestão: conhecer o Deserto do Atacama, no Chile.

Sete pessoas, de três cidades diferentes, se unem para esta aventura a quatro rodas. Aqui, um relato do que encontraremos pela frente e uma tentativa de ajudar aqueles que, um dia, queiram fazer uma viagem parecida.

No princípio, era o caos

Quando minha irmã, Carol Mercante, me sugeriu viajar para e por algum país da nossa América com o jipe dela, a empolgação foi imediata. Pensei nos prós e contra de cada país. Sugeri a Bolívia, a Venezuela, o Uruguai. Até que me veio à mente o Deserto do Atacama, no extremo norte chileno, passando pelo norte argentino. O passo seguinte foi descobrir quem iria. Depois de vários meses, sete pessoas confirmaram.

Os viajantes:
- Eu e Natália Lambert - saindo de Brasília para Curitiba
- Carolina Mercante e Laila Silva - saindo de São Paulo com um dos carros para Curitiba
- Wesley Silva, André Pansonato e Heitor Luz - saindo de Cuiabá. Vão nos encontrar em Foz com o outro carro da viagem

O roteiro original: Curitiba - Foz - Puerto Iguazu - Resistencia - Salta - Purmamarca - San Pedro do Atacama - Salta - Posadas - Foz - Curitiba

O roteiro adaptado (após mudanças durante a viagem) da Pajero: Curitiba - Foz - Puerto Iguazu - Resistencia - San Salvador de Jujuy - Purmamarca - San Pedro do Atacama - Salta - Cafayate - Santiago del Estero - Corrientes - Puerto Iguazu - Curitiba

Data de saída: 26 de dezembro de 2009 - Data de chegada: 10 de janeiro de 2010

Os carros: uma TR4, que sai de Santo André (SP), e uma S10, que parte de Lucas do Rio Verde (MT)